segunda-feira, abril 27

La Pocha Nostra

Imagem produzida em conjunto com o performer Jota Mombaça. Foto: Ramilla Souza
Conhecia o grupo de performance La Pocha Nostra meio vagamente, sem nunca ter me aprofundado muito no estudo sobre eles. Quando abriram as inscrições para a oficina que eles deram em Santos/SP, mesmo estando perto, por um motivo ou outro, acabei não me inscrevendo. Passados alguns dias de oficina, e com três grandes amigos participando, acabei recebendo um convite pra registrar as imagens que estavam sendo desenvolvidas pelos "estudantes".

Eles precisavam de uma fotógrafa performer. Alguém confiável para estar dentro do processo, respeitando os detalhes do mesmo. Aceitei de bom grado e peguei um ônibus de São Paulo para Santos para três dias que revolucionaram meu mundo.

Com Saul Garcia Lopez no meu "estúdio fotográfico"
Estar ali não só me lembrou sobre performance, sobre essa necessidade em mim, mas também me fez questionar profundamente a fotografia. Percebi o quanto ser alguém que registra e produz tantas imagens para o mundo, talvez não seja o que eu tenha interesse. Sempre busquei uma fotografia mais autoral do que de documental, mas trabalhar com isso diretamente (fora da experiência com o La Pocha) me fez, mais e mais, sentir a esquizofrenia presente na produção de uma profusão de imagens.

O trabalho que me foi proposto por Guilhermo Gomez Pena e Saul Garcia Lopez, ambos membros do La Pocha, foi de que eu criasse uma espécie de estúdio no espaço em que estava acontecendo a oficina e aconteceriam as apresentações. Dessa forma, eu montei esse espaço e os performers montaram suas "imagens". A ideia era de que uma foto seria deles e a seguinte, eu dirigiria. Uma construção conjunta deliciosa.

Deter o olhar, ver, criar. É essa a fotografia que me interessa e que eu busco.

No mais, foram três dias de muito afeto. É essa a minha lembrança dos membros do La Pocha: afeto. Um espaço para tanta experimentação e radicalidade mas, ao mesmo tempo, permeado de respeito e de um incentivo para que você estabelecesse seus limites. Porque como disse o Guilhermo, "a subjetividade é muito mais importante que a objetividade".

Saul cariño y yo
Jota Mombaça. Foto: Ramilla Souza
7 maneiras de matar uma mulher, com Guilhermo Gomez Pena e Jess Balitrônica. Foto: Ramilla Souza



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